A Respeito de MindWalk

 Isolados no litoral da França, debatem sobre os caminhos da ciência, do tratamento dado à natureza, baseando-se em Descartes e Einstein, Pablo Neruda, caminham pela ecologia, política, e até mesmo física quântica explicando a realidade e aquilo que é realidade.

 Buscando uma nova visão de mundo que pode mudar nossa forma de pensar e agir, um modo de interferir no sistema que temos atualmente, como alterar isso, como transformar o modo como nos relacionamos com o meio ambiente e todos os temas citados anteriormente. 

 Um filme que, se todo absorvido, compreendido e refletido, é muito construtivo. Filme não só interessante para graduandos, mas também já levantado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, na disciplina de Epistemologia da Ciência, pelo professor Jacques Marre de doutorado de agronomia, dando dimensão do quanto o filme é abrangente em sua discussão. 

 Cada um dos personagens revelam conflitos pessoais. O poeta afirma que se envolver ativamente com a sociedade como o político Jack, já é se infectar com a doença e perder seus ideais, por isso escolheu ilhar-se do mundo, fez uma barreira ao redor de si. Sônia criou uma barreira de livros criticada pela filha com quem entra em conflito em suas primeiras cenas. Desiludida com o meio social que corrompeu a ciência em que ela buscava progresso medico melhorando a vida das pessoas descobrindo cura de doenças, na verdade usou suas descobertas para projetar armas de guerra. 

 O poeta e a física “contra” o político que ainda crê na intervenção na sociedade, mas que para se inserir no meio não pode adotar uma posição drástica de oposição. Caminhando pelo cenário medieval que acompanha o rumo das discussões, Sônia expõem sua opinião tentando não ser impositiva nem revelar suas vivencias pessoais, mas a medida que cria-se uma amizade, até lagrimas são transbordadas a respeito de assuntos vinculados a vida profissional e convicções pessoais. 

 Decorrendo os temas, Thomas, o poeta, prefere manter suas opiniões em discrição pela forma como se sente arredio em relação ao “amigo” Jack, já distanciado devido a circunstancia de seus distintos ideais. Contudo, quando Jack se vê confrontado num dos tópicos por Sônia e pede auxilio a Thomas esse por fim lhe afirma sua posição contrária em relação a ele e passa a argumentar mais ativamente em favor as opiniões dela, levando o debate à conclusões que passam a mudar gradualmente o olhar de Jack sobre os assuntos.

 Pessoalmente achei Sônia uma chata (risos), deveria haver mais participação dos outros personagens, não apenas dela, como se só ela por ser uma cientista física e etc soubesse sobre tudo e dissertar sobre tantos assuntos como a grande dona da razão. Dentro dos debates ela é a protagonista e os demais coadjuvantes quando num debate real todos exercem suas opiniões igualmente, mesmo quando um obtiver maior conhecimento, os outros envolvidos também manifestam-se, sejam duvidas, sejam sem argumentos profundamente embasados, mas na antítese e dialéticas é que os debates crescem. 

 Ao meu modesto ver, foi mal dirigido centrar numa personagem só todo o conhecimento, pareceu mais uma aula que um debate, ou talvez um monologo. Porém o objetivo do diretor era tão somente transcrever o conteúdo para levar os expectadores à reflexão, de forma que centrar o discurso num único personagem simplificava o longa-metragem.Imagem

 – Ilha percorrida no longa.